A Obra

Conheça melhor o Centro Social Padre David De Oliveira Martins

A Obra

O Centro Social Padre David de Oliveira Martins, é uma Instituição de Solidariedade Social que nasceu no início da década de cinquenta dando proteção e abrigo a crianças órfãs, pobres e abandonadas e auxiliando os idosos nos últimos anos de vida. Foi oficializada em 26 de Novembro de 1958 por despacho de sua Ex.ª o Senhor Ministro da Saúde e Assistência publicado no Diário do Governo III Série nº 286 de 9 de Dezembro de 1958.

Reformulou os seus estatutos em 14 de Abril de 1981 por decreto de Sua EXª. Revª. o Senhor Arcebispo Primaz de Braga e ficou inscrita no livro III das Fundações de Solidariedade Social sob o nº 22/87 A FLS. 112/v em 08/05/987.

Introdução

CentroSocial_vistaVinte e cinco anos atrás, corria o ano de 1958, surgiu em Portugal, oficialmente, uma nova Instituição de bem-fazer que aos pobres e abandonados tem dedicado o melhor dos seus esforços, o entusiasmo dos seus benfeitores, a alegria encorajante de crianças que despontam para o mundo. Foi servindo os órfãos, pobres e abandonados que esta Instituição serviu a Deus.

Neste mundo conturbado em que agora vivemos onde se aceita o ódio e a morte como moeda de troca, nestes difíceis tempos em que a tinta de primeira página dos jornais é o sangue e a dor dos que sofrem e choram, a alguns poderá parecer descabido e inoportuno falar desta Obra que na simplicidade dos seus dotes, na pobreza dos seus meios mas no ardor do seu entusiasmo cresceu, acreditou e ei-la pujante e forte ultrapassando barreiras, esmagando obstáculos, impondo o ritmo da marcha no tocante a assistência social em Portugal.
Lar dos sem lar, família dos sem família, aqui se acolheram os filhos de ninguém, pé descalço do Deus dará rebotalho dos sem eira nem beira.

O Centro Social

Ainda o bairro social estava longe de acabar (e ainda hoje não acabou pois continua, na medida do possível, a responder ao grave problema da habitação em Portugal) e já as ideias bailavam no pensamento, em busca de oportunidade para a sua concretização. Como atrás referimos além do leite e pão que se começou a distribuir às crianças (os célebres lactários que serviram de exemplo em muitas freguesias) começou-se também a servir a «Sopa dos Pobres». Aqui acorriam os pobres da freguesia e redondezas que no seu «Giro» por aqui abancavam para retemperar as forças. E foi assim que se começaram a albergar por cá, iniciando eles, um lar de terceira idade. Deste modo alargaram-se as instalações no sentido de lhes proporcionar melhores condições. Chegou mesmo, a primitiva casa, a albergar 50 pessoas de ambos os sexos que se viam rejeitados pelas famílias. Era já um lar de certo respeito para a
época. Estávamos nos finais dos anos 50.

Mas os idosos morriam. Constantemente uma casa cheia se transformava em casa vazia. Faltava qualquer coisa no espírito empreendedor e grandioso do fundador que gostava de ver uma casa alegre e mexida onde a vida regurgitasse por todos os poros.
A oportunidade aconteceu quando sete crianças ficam órfãos na freguesia de Aveleda. Era preciso tomar providências e o seu coração bondoso de pastor não podia ficar indiferente. Ia começar uma obra de protecção às crianças órfãs e abandonadas. Foi sua origem a «Gravateira» da Aveleda.

Já começado, como lar de terceira idade o Centro teve de sofrer as inevitáveis alterações. No entanto as obras só se podiam fazer consoante as esmolas vinham chegando. Daí que constantemente novas condições surgiam. E os benfeitores, que se começaram a empenhar na obra, afluíam a Ruílhe onde louvavam a obra encetada dando por bem empregues os donativos que para aqui enviavam. E interessavam-se pelos projectos. Conversavam longamente com o Padre David animando-o e incentivando-o a prosseguir em obra tão sublime.

Quem há aí que não fique enternecido perante a miséria de uma criança pobre e indefesa deixada ao abandono? Quem pode ficar indiferente perante a miséria alheia através da simplicidade e pureza duma criança?

Quantas mais dificuldades surgiam maior era o entusiasmo que estas crianças provocavam. Não admira, portanto, que esta situação exigisse um esforço supra-humano de todos os responsáveis por esta instituição. As letras bancárias a vencer constantemente comprometiam a vida e só não redundam num fracasso mercê da benevolência e boa vontade de Pinto de Magalhães. Deste homem nos falou o Padre David com tanto carinho e entusiasmo que nós imaginamos o resto. Aliás outros colaboradores do Padre David, sabedores de todo o crédito e apoio que o Senhor Pinto de Magalhães dispensava a esta Obra Social, nos falaram com a mesma admiração.

Era o tempo do tributo das grandes ideias e da vontade de querer fazer algo pelo próximo. A generosidade e o bem que se pratica têm mais valore são mais queridos na medida das dificuldades que encontramos. Por isso elas eram incentivo a prosseguir, agora, mais afincadamente não só pelo ideal fascinante que despontava no horizonte mas também porque a vontade decidida manifestada, não permitia que se parasse na jornada. Cremos mesmo que foram as dificuldades que agigantaram a sua dedicação aos pobres e abandonados.

Mas voltemos atrás para penetrarmos um pouco na vida deste Centro onde se escondem os dramas mais profundos, os traumatismos mais graves, as inadaptações mais revoltadas.

Há muitas raparigas no nosso País, que atravessam os anos mais perigosos para a sua preparação ganhando maus hábitos. E os riscos aglomeram-se.
De toda a espécie e de todos os quadrantes surgem, a esta obra, os problemas: mães que se portam mal; pais desnaturados que nunca deviam ter casado; mulheres heróicas que sofrem maus tratos; mulheres que vivendo em opressão terão filhos oprimidos. Muitas estão sujeitas a tratamento que merecia intervenção das autoridades. Quanto sofrimento se «vê» em mulheres que nos batem à porta, de filhos nos braços, contando odisseias que nos fazem levantar os cabelos!!! Trazem na alma a esperança da vida numa tentativa de podermos ser solução.

Foi vivendo estes problemas, numa tentativa de lhes dar solução, que esta obra nasceu, cresceu e se impôs, apesar de todas as contrariedades.

“Por aqui passaram e continuam a passar centenas e centenas de raparigas que aqui encontram o apoio e as estruturas capazes de as lançarem para a vida, de cabeça levantada, ombreando com as mais dignas da sociedade.

Nesta obra se vão plasmando os corações mais rudes e maldosos para uma vida à altura da dignidade humana que outros não lhes souberam dar.

Para tanto aqui encontram guarida crianças provindas dos meios mais diversos e naturalmente, nem sempre os melhores.

A Instituição vai dando a cada uma, conforme as suas possibilidades, a saída mais conforme com as suas aptidões.” – Cón. Narciso – 1983

Normalmente toda a gente estuda. É através da cultura que se começa a preparar estas raparigas para a vida.

A secção infantil, que inclui também algumas crianças da freguesia de Ruílhe cujos pais têm dificuldade em os deixar durante as horas de trabalho, é o primeiro teste de integração e resposta às fantasias da primeira idade. Aqui, sob orientação de Técnicas especializadas as crianças aprendem os primeiros passos de abertura ao mundo que as rodeia.

Com a experiência que estes anos nos foram dando vamos utilizando novas técnicas para uma educação eficaz e uma séria orientação psicológica. Embora as crianças dos nossos dias pareçam ser, no seu conjunto, as mesmas crianças que sempre temos conhecido, o seu comportamento desenvolve-se e desenrola-se ao longo dos mesmos trilhos por técnicas diversas. É que os adultos parecem ter mudado, para melhor, numa preocupação crescente com as crianças que amam e numa abordagem mais simpática e mais compreensiva dessas mesmas crianças. Tudo isto temos em vista para que estas crianças difíceis, se tornem, mais tarde, normais.

A pré-primária, com uma sala em funcionamento e funcionárias devidamente credenciadas aparece logo a seguir. É altura da descoberta de «outros mundos».

Com características próprias de cada ano mas que não nos passam despercebidos. Aqui se tenta ajuizar convenientemente da personalidade da criança pensando nela em termos de crescimento e de maturidade do seu desenvolvimento. Primária: Enquanto que a pré-primária e infantil se desenrolam em regime interno, as nossas crianças começam a frequentar a escola primária da aldeia. Julgamos ser a melhor forma de as integrar na sociedade. Os internamentos, sendo um mal menor, têm de estar abertos e atentos a esta integração na sociedade. Por isso logo aos seis anos, elas são lançadas para o meio das outras crianças da aldeia. E começam animosas os seus «grandes» estudos não deixando de manifestar os êxitos que atingem no meio de estranhos. É a idade de as ensinar a crescer e a que os responsáveis estão atentos.

Este crescimento acentua-se cada vez que a criança se desenvolve até atingir a maioridade. Escolhem livremente o estabelecimento de ensino que desejam frequentar desde o Externato Infante D. Henrique, aqui em Ruílhe, às escolas Secundárias da cidade de Braga. Tudo está montado para que a estas raparigas não faltem os apoios necessários à concretização dos seus sonhos. Quando daqui saem, professoras ou com o 9º ano ou 12º ano, para casar ou para o emprego, para uma vida independente ou para o seio de algum familiar, partem com o suficiente e necessário para singrarem na vida.

Entretanto vão-se desenvolvendo, na ocupação dos tempos livres, no estudo ou outras actividades, próprias e características para poderem, amanhã, singrar num lar se o vierem a constituir. Desde a cozinha, lavandaria, rendas, trabalhos manuais, costura até à ajuda às mais novinhas tudo se realiza no sentido de formar boas donas de casa, sabedoras da sua missão na sociedade que as espera.

Pena é que, familiares menos escrupulosos, passada a idade de canseiras, as queiram aproveitar para o seu próprio interesse.

Mas o Centro Social Padre David de Oliveira Martins vive para outras e de outras actividades. Além destas actuais 70 crianças orfãs, pobres e abandonadas procura dar auxílio e apoio às famílias mais carenciadas. Assim olha com especial atenção o problema da habitação. Construiu 70 casas e continua a construir, para pobres, a fim de ajudar a solucionar o problema da habitação e sobretudo para tentar debelar uma das origens e causas do aparecimento de orfanatos. Todos sabemos, por experiência própria, que este é de difícil solução até porque é de crescimento contínuo. Só com rendas moderadas e face à inflação e carestia da vida é que as famílias pobres podem fazer frente ao grave problema da habitação.

Dá apoio a tudo isto apenas uma pequena exploração agrícola onde o Centro Social vai colher os parcos rendimentos que a agricultura hoje nos oferece. Tem-se vindo a valorizar e, nos últimos anos transformou-se numa autentica “quinta pedagógica” com, para além do gado bovino, caprino e suino, se poderão encontrar gansos, perús, patos, galinhas e até pavões. Tudo o resto é fruto da generosidade e grandeza de coração dos milhares de benfeitores que alimentam, sustentam e educam tantas centenas de crianças que por aqui passaram e que, infelizmente, vão continuar a passar. São os benfeitores o grande suporte desta grande obra de assistência que assim lhes pertence também. Uma obra destas dimensões que tem uma despesa enormissíma por mês, e consegue cumprir, é fruto de muita generosidade e de muita fé. E nisto reside também a sua força: É que ela é animada pelo bem que faz não só naqueles que dependem dela mas também naqueles que a suportam. Há mesmo uma certa devoção religiosa por estas crianças.

Aqui chegam os ecos das canseiras e aflições, de bons sentimentos e bons propósitos, de recuo e emenda de vida de milhares de pessoas que, por intermédio do mérito destas crianças, agradecem benefícios alcançados. Por isso podemos afirmar que esta Instituição desenvolve mesmo um apostolado altamente positivo no meio em que é conhecida. E há que fomentar este apostolado para bem de todos nós. É este espírito que desejamos desenvolver para sermos fiéis aos homens e também a Deus.